Dizem que palavras soltas ao vento viajam entre os mundos; pois então que além delas, o próprio escritor também se lance pelo ar, descobrindo e redescobrindo mundos
Anjo Caído
Por milênios tive esperança neles
E até lutei por eles.
Por eles perdi um irmão
Em que eles, hoje, botam a culpa por tudo.
Por milênios os vi de cima
Protegendo-os, guiando-os e os cuidando.
Fazendo, várias vezes,
Vista grossa ao ver suas desobediências.
Contudo, agora entendo meu irmão,
Entendo o porquê dele ter caído,
Ter se revoltado.
Eles se revoltam, sem motivo, até por quem os protege
Os guarda, os guia,
Até contra o pai...
Lembro-me muito bem daquele dia sombrio,
Daquele dia em que todos nós, pela primeira vez,
Sentimos vontade de também nos revoltarmos.
Lembro-me muito bem das lágrimas dele,
Da tristeza dele,
De ver aqueles que ele mais amava
Assassinar justamente aquele que foi mandado somente para os salvar.
Naquele dia pensei que seria o fim deles,
Que o pai nos mandaria para salvar seu filho.
Não aconteceu...
Seu amor por eles ainda era grande
Para os perdoar.
Mas eu mudei,
Revoltei-me!
Não queria mais ver lágrimas
E tristeza
Marcarem o rosto de seres tão nobres quanto nós
E principalmente daquele que teve amor o suficiente para perdoar os assassinos de seu próprio filho.
Desisti de mim.
Revolvi abandonar tudo
E a todos.
Fechar meus olhos,
Meus ouvidos
E não fazer mais nada.
A esperar pelo dia em que eles
Finalmente se darão conta de quão tolos são.
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Mtu lindo... Gostei bastante desse poema!
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