O calor castigava os moradores de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, às três horas e trinta e cinco minutos da tarde. Por ser domingo, poucas pessoas circulavam pelas ruas - a maioria se encontrava com parentes ou amigos, curtindo o resto do final de semana.
No aeroporto a situação era um pouco diferente: por coincidir com o final de feriado, muitos campo-grandenses voltavam para a casa de avião, o que causou alguns atrasos e obrigou os controladores de voo a trabalharem dobrado.
Gustavo, um rapaz franzino de curtos cabelos castanhos, aguardava o fim de seu turno. Ele já estava a mais de nove horas em frente às telas de radar e o cansaço mental já era visível em seu rosto quando uma aeronave sem identificação aparece em sua tela.
No aeroporto a situação era um pouco diferente: por coincidir com o final de feriado, muitos campo-grandenses voltavam para a casa de avião, o que causou alguns atrasos e obrigou os controladores de voo a trabalharem dobrado.
Gustavo, um rapaz franzino de curtos cabelos castanhos, aguardava o fim de seu turno. Ele já estava a mais de nove horas em frente às telas de radar e o cansaço mental já era visível em seu rosto quando uma aeronave sem identificação aparece em sua tela.
- Atenção voo sob as coordenadas -20.464752 e -54.616174, por favor, identifique-se. - Chama Gustavo, pelo rádio, em inglês, espanhol e português. Sem resposta, ele reporta ao seu comandante o que estava a acontecer. O mesmo emite um alerta à base aérea de Campo Grande, de onde decola um A-29, que demora apenas poucos minutos para avistar seu alvo.
Por rádio, o piloto descreve a aeronave: "A aeronave possui um formato de disco, muito brilhante, que sobrevoa quase na altura dos prédios a praça Ary Coelho". Os curiosos que estavam naquele local veem um forte brilho sair do objeto voador brilhante e atingir, em uma fração de segundos, o avião da Força Aérea, que parece explodir sob um flash de luz fortíssimo.
- A-29! A-29! - Chama Gustavo, pelo rádio. - Perdemos contato.
Nessa hora uma mulher alta e de corpo atlético adentra na sala e segue em direção ao comandante: "Senhor, recebemos uma mensagem que a aeronave invasora atacou nosso avião 'explodindo-o em um flash de luz'". A notícia choca tanto o comandante, quanto o restante dos controladores que estavam naquela sala.
- Senhor, será que...? - Indaga Gustavo.
- Não pense bobagens! - Reprime o comandante. - Oliveira, ligue-me imediatamente com o ministro da defesa. - Ordena à mulher alta de corpo atlético. Poucos minutos depois ela retornava com um telefone celular.
- Diga comandante, o que é tão urgente? - Indaga a voz do outro lado da linha.
- Vossa excelência, parece que estamos sob ataque de alguma força estrangeira.
- Você tem algum palpite de que nação poderia ser? - Indaga, com uma voz meio chocada, o ministro.
- Vossa excelência, pela tecnologia utilizada, tenho apenas dois palpites: Estados Unidos ou Rússia.
- Estranho... Não existe motivo algum para que essas nações nos alvejem. Até então são nossos aliados. Não poderia ser um ataque terrorista?
O comandante pensa alguns segundos antes de responder.
- Vossa excelência, pelas características passadas a nós pouco tempo antes do nosso A-29 ser abatido, creio ser muito difícil alguma força terrorista possuir tal poder de fogo.
- Então como é essa aeronave? - Indaga o ministro, ficando perplexo ao escutar que tratava-se de um objeto esférico brilhante. - Vou falar com a presidente e já torno a te ligar.
Naquela sala de controle a tensão aumenta e alertas começam a ser enviados. Na praça Ary Coelho curiosos se amontoam para ver o objeto brilhante no céu que, até aquele momento, estava parado exatamente sob o chafariz.
Com intervalos regulares, aquele chafariz proporcionava um pequeno espetáculo aos que passavam perto dele, jorrando água no ritmo de várias músicas, tocadas por alto-falantes espalhados pela praça; no restante do tempo ele permanecia seco.
Dando um susto nos que estavam com as atenções voltadas para o objeto brilhante no céu, uma música começa a tocar; nesse instante o objeto intensifica seu brilho e o que seria um "balé aquático" muda para uma "dança flutuante", provocado pela água que flui "para cima", como se estivesse sendo sugada pela estranha aeronave.
Novamente na sala dos controladores de voo, o celular toca na mão do comandante. É uma voz feminina quem o chama, do outro lado da linha.
- Senhora presidenta! - Exclama o comandante.
- Comandante! - Responde a presidenta. - Fiquei sabendo do ocorrido. Quais estão sendo os procedimentos?
- Enviamos alertas as outras bases. Elas estão mandando vários caças de ataque a Campo Grande.
- E os civis?
- A Polícia Militar já foi informada e estará os removendo do local.
- Telefonei para o presidente dos Estados Unidos e da Rússia e os mesmos me informaram que objetos semelhantes também apareceram em seus países. Parece que não se trata de terroristas ou nações inimigas.
- Então do que se trata? - Questiona o comandante.
- Apenas continue com os procedimentos. - Ela desliga o telefone.
"Senhor, acabo de receber um relatório que nações do Mercosul também enviarão caças para Campo Grande", avisa Oliveira, ao perceber que o comandante já não estava mais ao celular, inquietando-o. "Nações do Mercosul enviando aviões de guerra para Campo Grande para abater um único avião?", pergunta-se, "De quem será, ou melhor, de onde será que ele vem?"
Nesse instante várias vozes falando espanhol começam a pedir permissão para entrar no espaço aéreo enquanto os caças que decolavam de território brasileiro seguiam velozmente para Campo Grande. Logo uma esquadrilha, composta por aviões de guerra de várias nações sul-americanas, estava sob os céus da capital de Mato Grosso do Sul, enquanto que, em terra, blindados e ambulâncias do corpo de bombeiros também seguiam para onde estava a estranha aeronave brilhante.
Como um "enxame", o céu em torno à praça fica lotado de caças, que alvejavam o objeto brilhante com mísseis e tiros. Em principio o mesmo parece não se incomodar com os ataques mas, quando a fonte termina seu espetáculo e seca, vários raios de luz saem dele e vão de encontro aos aviões militares, que explodem em flashes de luz.
Em terra, os blindados também fazem sua parte ao dispararem contra o "inimigo no céu", que responde com um feixe de luz, que ao passar sobre eles, os faz explodir "de dentro".
- Alguém já tinha visto algo parecido antes? - Pergunta um piloto argentino.
- Sinceramente nunca. - Responde um companheiro brasileiro.
A aeronave brilhante, como um raio, sai de cima do chafariz e cruza a formação de caças em vários sentidos, provocando várias explosões de fogo.
- Homens, não desistam! Atirem! - Exclama um piloto uruguaio, com seu dedo pressionando fortemente o gatilho da metralhadora de seu caça.
- Tive uma ideia! - Exclama um piloto brasileiro.
- Diga-os o que você pensou. - Questiona um companheiro boliviano.
- Precisarei de quatro aviões me escoltando; a ideia é enganar o piloto "daquilo".
- Explique-se melhor. - Pede o mesmo piloto boliviano.
- Vou como um camicaze sobre esse maldito; quando ele for me atacar, os quatro lançam tudo o que tem.
"Eu vou com você", avisa o boliviano, seguido por dois argentinos e um venezuelano.
Como o planejado, o piloto brasileiro joga sua aeronave contra o objeto brilhante voador, que o ataca com o mesmo feixe de luz que já havia utilizado para alvejar os blindados em terra; a explosão dele evita que o objeto percebesse a chegada dos outros quatro caças, que o golpeiam com balas e mísseis. Ele responde com o lançamento de luzes que acertam os sul-americanos, provocando explosões de flashes luminosos no ar.
Inicialmente aquele sacrifício pareceu ser em vão, contudo, a aeronave brilhante começa a despencar, como se tivesse sido atingida.
- Atenção! Parece que conseguimos. - Avisa um dos pilotos uruguaios.
- Homens, suas ordens são de destruí-lo! Não deixem vestígio. - Ordena uma foz feminina, em português, no rádio. Um piloto brasileiro traduz as ordens e o que sobrou da esquadrilha intensifica o ataque.
Ao ser atingindo, o objeto brilhante explode em uma imensa onde de choque e de luz, deixando várias gotículas de água caírem - e diversas vidraças quebradas -, formando um arco-íris artificial no céu. Todos retornam, então, as suas bases.
No dia seguinte uma enorme incógnita pairava sobre a América do Sul: o que tinha sido aquilo? Por que ele escolheu "roubar" a água justo do chafariz da praça Ary Coelho? O governo respondeu, simplesmente, que tratava-se de uma experiência militar mal sucedida e que os pilotos mortos em combates teriam suas famílias amparadas por seus respectivos governos.
- Nossas ordens foram a de nunca mais citar ou comentar o que aconteceu. - Avisa o comandante aos seus controladores subordinados.
- Mas, senhor...! - Exclama Gustavo.
- Sem mais, Gustavo. Tire uma semana de folga. Você tem cara de quem precisa.
Em um mês não existiam mais vestígios daquela batalha completamente incomum.
***
Fonte das imagens: http://www.mochileiro.tur.br/MS%20campo%20grande%20027.jpg, http://www.suacidade.com/sites/default/files/images/controladores_de_voo.jpg e http://www.mochileiro.tur.br/MS%20campo%20grande%20023.jpg
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