São oito horas da manhã quando uma menina de quinze para dezesseis anos de idade, olhos e cabelos castanhos, vestindo uma boina branca e um uniforme escolar japonês de cor azul-marinho e saia branca da altura dos joelhos, carregando uma mochila preta cheia de bottons - com diversos personagens de animes estampados -, aguardava o ônibus 080, na segunda parada depois do Terminal Bandeirantes. Ela está ansiosa pois é a primeira vez que saía na rua vestida daquela forma.
Algumas quadras dali, ainda no Terminal Aero Rancho, o 080 quase lota, transformando-se numa verdadeira "lata de sardinhas" no terminal seguinte - o Bandeirantes. Às 08h16min ele passa pela primeira parada na rua Bandeirantes, antes de um grande supermercado.
A menina vestida com o uniforme japonês azul-marinho olha para seu relógio e percebe que já estava atrasada - ela tinha que estar na Associação Nippo Brasileira às oito horas em ponto. Um alívio momentâneo cai sobre a garota ao avistar seu ônibus ao longe e uma forte decepção ao perceber que teria que viajar espremida.
Embarcando nele, quase ninguém nota àquela estranha figura tentando passar por uma mulher vestida com um vestido vermelho-sangue com decote em forma de "V" e um rapaz com o uniforme da Seleção Brasileira de Futebol; ela só é notada quando começa a pedir licença para poder passar, numa tentativa de estacionar o mais próximo a uma das saídas.
Um rapaz alto, musculoso, de pele queimada, camisa polo branca e calça jeans percebe quando a adolescente vestindo o uniforme japonês azul-marinho estaciona ao seu lado. Ele consegue sentir o perfume adocicado dela assim como tem um choque ao vê-la vestida daquela forma.
Não demora muito e o restante dos passageiros passa a olhar para a garota; uma mulher, já senhora, vestindo uma camiseta longa cor-de-abóbora e uma calça preta, cabelos vermelhos pintados e olhos escuros, sentada adjacente a ela a encara, pensando: "Do que será da juventude daqui uns dias? A vergonha, hoje em dia, passa bem longe deles"; uma menina, de mais ou menos doze anos de idade, alta, longos cabelos castanhos claros e vestida com uma blusa regata preta com jeans azul escuro a observa, analisando-a ao mesmo tempo que tentava compreendê-la, "Por que ela está vestida daquele jeito?", se perguntava, "Será que ela é japonesa?"
De repente um celular toca uma música em japonês. Mesmo os que não tinham visto ainda a menina de uniforme japonês azul-marinho viram-se para ela. A mesma atende: "Alô! Sim! É que meu despertador não tocou e acabei acordando atrasada, mas, logo logo estou ai! Ok! Tchau!"
A menina de uniforme japonês azul-marinho, ao recolocar seu celular na mochila nota os olhares a sua volta. Sua espinha gela. Ela virá-se novamente para as janelas e tenta não se incomodar com a situação.
Quando o ônibus chega na parada da praça Ary Coelho, ele praticamente esvazia, deixando vários assentos disponíveis. A adolescente se senta em um banco individual, oposto a segunda saída, encolhendo-se o máximo que podia em uma falha tentativa de não ser notada.
São 08h45min da manhã quando finalmente o 080 chega à parada próximo à Associação Nippo Brasileira; a adolescente de uniforme japonês azul-marinho desce rapidamente, sendo seguida pelos olhares dos passageiros através da janela.
Gostei!
ResponderExcluirUm texto muito bem feito, mas ele falha ao tentar ser poético. O que prevalece é a função referencial. Parecer estar havendo uma descrição sobre o que está ocorrendo, deixando-o com um carácter muito impessoal e frio. É claro que o texto está muito bom, contudo.
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