
De pele branca como a neve e lábios vermelhos como o sangue, seu nome era Branca de Neve. Mas não se engane: conhecida por todos, e odiada por sua madrasta, ela e sua grande (e quem sabe algo a mais) amiga Jana vão passar por tribulações e provar que ambas têm força para lutar e para vencer!
VI OS SETE LADRÕES
Tal como sua senhora, Jana corre bosque à dentro sem rumo até ficar exausta. Sem forças, ela apoia-se em uma árvore e desaba. “Branca de Neve!” pensa ela. Separar-se da jovem princesa, refletia, poderia não ter sido uma boa ideia — era claro que, quem os tivesse atacando teria como alvo a senhora e não suas damas de companhia. “Será que ela está bem?” Mas em suas atuais condições, sua única opção era continuar ali e esperar... Algum tempo depois a jovem dama desperta sobre a luz fraca de um candeeiro e com uma faca apontada para seu rosto. — Quem é você? — Perguntou o homem que segurava a faca. — Sou Jana... — Responde a garota, sendo paralisada a tempo por seu instinto antes de completar a frase e revelar, também, que ela era uma das damas de companhia da princesa Branca de Neve. — Jana... Nunca a vi por aqui... — Diz o homem, aproximando o candeeiro para mais perto do rosto dela. — É por que eu sou uma das serviçais do palácio. Demorou apenas alguns instantes, mas para ela foi quase uma eternidade o tempo que levou para ver o resultado de sua “quase mentira”. — Então deve ser por isso... Está perdida, Jana? — Torna a indagar o homem, afastando o candeeiro do rosto dela e guardando sua faca em seu cinto. — Estou... — Eu moro aqui perto, com meus irmãos... Se você quiser, posso te levar até lá! — Agradeço, mas eu não tenho dinheiro algum para pagar nem por comida e nem por hospedagem. — Digamos que é uma oferta de paz — Responde o homem, deixando Jana intrigada. O homem, então, guia a jovem dama de companhia pela escuridão até chegarem a um chalezinho. “Bem-vinda a casa dos irmãos Dieb” anuncia ele, dando passagem para que Jana entrasse. Por dentro a casinha parecia ser muito maior do que por fora, tendo sala, cozinha e, pelo o que ela pôde perceber, apenas um quarto — sendo este o maior de todos os cômodos. — Desculpe pela bagunça, mas em casa onde não há mulheres, não há organização. — Desculpa-se o sujeito, indo para a cozinha onde revira os armários até encontrar uma panela meio enferrujada e um saco contendo uma alguma coisa que ele despeja nela. — Geralmente não temos nem visita nem comemos em casa, por isso nossa despensa vive vazia, mas você deu sorte, Jana! Por favor, sente-se. — Aponta o homem para as cadeiras ao redor de uma mesa retangular logo à frente de Jana. — Não vai demorar muito, mas se estiver com muita fome, pode comer uma das frutas ai na cesta. A barriga da dama de honra roncava e, como as frutas na cesta pareciam mais apetitosas do que o conteúdo da panela meio enferrujada, ela prontamente começou a devorá-las. — E então, Jana, conte-me: o que fazia na floresta? — Indaga o homem, sentando-se na cadeira ao lado de ela, pegando-a, sem querer, desprevenida. — Estava fazendo um piquenique no bosque que fica aos arredores do castelo quando um louco atacou a mim e as minhas três amigas. Ele matou duas de elas e depois tentou me matar, mas eu consegui fugir. — E a sua outra amiga? — Acho que ela também conseguiu escapar, ou ao menos eu espero isso... Novamente a imagem de Branca de Neve vem à mente de Jana, perguntando-se onde a princesa poderia estar agora, ou mesmo se ainda estava viva. Distraído pela conversa, o homem esquecera-se completamente da panela ao fogo, lembrando-se de ela somente quando o forte cheiro de queimado inunda a cozinha. “Céus!” esbraveja ele, jogando um balde d’água no fogão. “Desculpas, mais uma vez, mas acho que você terá que se contentar somente com as frutas. Você deve estar muito cansada, por isso venha comigo! Vou te mostrar uma cama quentinha onde poderá dormir.” O homem a leva até o único quarto da casa onde ela pôde ver sete camas e, ao lado de cada uma delas, sete criados-mudos. “Por favor, a sua é esta aqui”, diz ele, apontando para aquela que estava mais próxima à porta. A cama era extremamente macia e confortável, o que facilitou bastante para a dama de companhia pegar logo no sono. — Ah! — exclama ela, antes de o sujeito sair pela porta — qual é o seu nome? — Meu nome é David. A “caçada”, como eles chamavam, tinha sido exaustiva, mas valera a pena: várias peças de ouro, prata e bronze. Horas a esperar para poderem pilhar e roubar carruagens levando diversas riquezas ou mesmos nobres que resolviam aventurar-se floresta à dentro tinha suas desvantagens, era verdade, mas também as recompensas eram imensas, principalmente quando conseguiam tirar a sorte grande. — Agora podemos voltar para a casa e comemorar, irmãos. Comenta um homenzinho baixo e careca, enquanto arrumava, maravilhado, o fruto de seus esforços. — Com certeza! Serão vários verões sem precisar voltar à floresta. — Responde outro homem, o maior de todos. Era um grupo pequeno, de seis pessoas. O homem baixo e careca chamava-se Martin; já o outro, o maior, era batizado como Marko. Os outros quatro eram: Steffen, já meio bêbado devido à garrafa de água-ardente que carregava consigo, Jan, Leon e, não menos importante, Mathias, o mais jovem. Os seis voltavam para a casa quando, ao longe, viram um vulto caminhando sem rumo, pela floresta. “Será que é outro nobre perdido?” indaga Mathias, levantando seu candeeiro em direção à figura. “Vamos atrás dele! Se for o caso, podemos conseguir mais coisas” exclama Jan. Movidos pelo desejo de pilharem ainda mais ouro, prata ou mesmo bronze, o sexteto corre em direção ao vulto, que de tão exausto, não esboça reação. — Mas é uma mulher! — Indigna-se Marko, principalmente porque ela aparentava não ter um tostão furado no bolso. — Uma bela mulher, você quer dizer... — Corrige Martin, admirado com a beleza dela, mesmo sobre a fraca luz de seus candeeiros. A mulher em questão nada mais era que Branca de Neve, que àquela altura mais parecia um zumbi do que um ser humano. — Vamos embora... ela parece ser um “João-ninguém”... — Responde Marko, já se preparando para retomar o caminho de casa. — Steffen, o que você nos diz? — Pergunta Mathias, para total desgosto de Marko. — Ela é bastante bonita... não vai nos custar nada levá-la para casa... — Responde ele. Enquanto os seis discutiam o destino de Branca de Neve, a garota apenas os observava. O aviso de Kristian ressoava em sua mente claro como o dia: “sua madrasta quer o seu coração, pagando um altíssimo preço por ele”. Mas, o que ela poderia fazer? Estava completamente exausta e só Deus sabia o porquê de ela ainda conseguir manter-se em pé. Encontrar com aquele estranho grupo de seis irmãos seria ou um golpe de sorte ou de azar, a depender do que eles decidissem. — Espere! Gente! Vamos perguntar para ela, antes de qualquer coisa, o seu nome. — Sugere Leon, encerrando as discussões a respeito de eles a levarem ou não para casa. — Essa ai está com uma cara pior que a do Steffen aqui... Será que ainda sabe o próprio nome? — Ironiza Marko, debochando da sugestão do irmão. Desprezando a última frase, Leon aproxima-se de Branca de Neve e, olhando-a nos olhos, pergunta: “Senhorita, como você se chama?” — Branca... — Responde ela, segurando o restante do seu nome por causa do aviso do caçador. — Branca... Nome interessante... — Responde Leon. — A senhorita gostaria de vir conosco? Parece que você está perdida e precisando de ajuda. Sem escolha melhor, ela aceita ir com os seis para casa.
Amei o seu blog :D
ResponderExcluirSe der, dá uma passadinha no meu blog, e se gostar, indica para as amigas :)
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Beijos :*