Precisamos falar sobre Gomez Addams


A Família Addams (The Addams Family) surgiu em 1930 pelas mãos do cartunista estadunidense Charles Addams como uma sátira à família tradicional dos EUA.


Entre tantos membros destacáveis desta família, como a Vandinha (Wednesday), um em espcial, quando paramos para pensar um pouco sobre ele, chama mais a atenção: Gomez Addams.

Gomez e Mortícia Addams na animação de 1992.

Gomez Addams, o patriarca de sua família, é um "perfeito Addams": veste-se com um terno todo alinhado e sapatos impecáveis. No desenho animado de 1973 — feito pelo clássico estúdio Hanna-Barbera —, tais vestimentas possuem um tom de azul desgastado. Já na animação de 1992, o azul dá lugar ao rosa. À primeira vista: "um pai de família" como qualquer outro, porém, quando paramos para analisá-lo com mais atenção, vemos que ele “está muito longe de ser ‘só isso’”.

Uma das características mais chamativas em Gomez é seu amor — incondicional — por Mortícia, sua senhora. Literalmente, um “romântico incorrigível” — e, quando digo “romântico”, falo daqueles surgidos no século XVIII e XIX, que possuíam musas inalcançáveis, chegando até mesmo a ter uma apreciação “mórbida” por elas. O que o descreve perfeitamente.

Em 1930, a principal função dos “chefes de família” era prover o sustento da família enquanto o da mulher era, “apenas”, o de ficar em casa e cuidar dos filhos. Algo “alienígena” para os tempos atuais. Mas, onde Gomez Addams enquadra-se nisso? Em “quase nada” — se pensarmos com a cabeça de alguém daquela década.

O esposo de Mortícia Addams, como já dito, era um romântico incondicional, pois era não só completamente apaixonado por ela como não tinha medo algum de demonstrar isso. Todos os dias, ele esforçava-se não só para vê-la feliz, mas também para demonstrar o quanto ela era importante para ele. Ah! Ele também a respeitava mais do que tudo — antes que, sobre ele, recaia a ideia de alguém abusivo: quando a senhora Addams pedia ou para ele se conter ou apenas parar, ele prontamente se desculpava e parava, nem chegando a insistir.

Outro ponto a favor do senhor Addams é seu amor pelas artes e pela Literatura, tornando-o um homem sensível — ou seja, com um coração voltado à sua família e às pessoas — e carinhoso.

Pareceu “bizarro” destrinchá-lo assim? Pois, se você teve essa sensação, saiba que a ideia por trás de ele era justamente esta: ter um personagem à frente de seu tempo e completamente diferente daquilo que se esperava de um “homem de família”. Seus hobbies — como o de explodir trens ou de duelar com seu irmão — servem unicamente para atenuar essa estranheza.

“Então, Gomez Addams era perfeito?” Não! Longe disso. Se pegarmos a histórias dos filmes, por exemplo, veremos que ele era tão humano quanto qualquer outra pessoa, dando confiança cega para pessoas que não deveriam ou até mesmo realizando certos julgamentos contra aqueles “que não eram parecidos com eles”. Na última animação, um exemplo ainda mais gritante desta “humanidade”: ao serem expulsos de onde moravam por pessoas que viam os Addams como monstros, ele busca refugiar-se do mundo; isolar-se de tudo e de todos.

Em tempos de “cancelamento”, Gomez Addams mostrou-se não só um exemplo a ser seguido como, também, aquém de seu tempo. Um pai de família apaixonado pelas artes, por seus filhos e, principalmente, por sua Mortícia Addams.

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