Vale a pena assistir à Loucura de Amor (Loco por Ella)?

Existe uma fórmula perfeita para uma boa comédia romântica? O principal objetivo delas, além de nos fazer rir, é nos emocionar com a história. Mas, como fazer isso?

Normalmente chamados de filmes “água com açúcar”, a “receita” mais utilizada é o clássico: o casal se conhece, mas por algum motivo um dos dois odeia o outro — ou acha que odeia — e, a partir daí, desenrola-se toda a história.

É claro que, com a sempre tentativa de inovar — e, assim, chamar a atenção do público —, o gênero possui diversas variações, sendo algumas boas e outras nem tanto.

Aqui cabe um “spoiler”: Loucura de Amor faz parte das comédias românticas que tentaram inovar.

Sinopse


Adri (Álvaro Cervantes) é um jornalista bem-sucedido que está se divertindo com os amigos num bar quando encontra Carla (Susana Abaitua) e, a partir daí, vive com ela uma das melhores noites de sua vida. No outro dia, porém, ele descobre que ela está internada numa clínica psiquiátrica e que, para mesmo falar com ela, deverá ele, também, internar-se.


“E aí, vale ou não a pena assistir?”

Se avaliarmos somente a sinopse disponível no próprio site da Netflix, a resposta é um sonoro “não”, porém, se dermos uma chance à história...

Para começar, Álvaro Cervantes leva majestosamente o filme nas costas, sendo ele o elo entre todos os personagens e as ações que acontecem na trama. Isso é interessante porque, no começo, há a impressão de que o filme irá girar em torno do casal, mas, na verdade, ele acontece em volta do personagem “Adri” e das ações dele.

Álvaro Cervantes

É óbvio que a Carla é importantíssima na trama, pois é ela, com todo o seu dinamismo e, principalmente, espírito aventureiro que enlouquece Adri — deixando-o completamente apaixonado por ela.

Susana Abaitua

ATENÇÃO! A PARTIR DESTE PONTO HÁ “SPOILERS”, OU SEJA, REVELAÇÃO DA HISTÓRIA. CASO VOCÊ QUEIRA VER O FILME ANTES DE SABER O QUE ACONTECE NELE, PARE AQUI! CASO NÃO, SIGA EM FRENTE.

Conforme eu disse antes, o filme todo acontece por causa das decisões tomadas por Adri: desde internar-se na mesma clínica que Carla — uma clínica particular com o custo mensal de mil euros —, até escrever um artigo para a revista onde trabalha falando mal não só da casa de saúde, mas dos pacientes — classificando-os com os piores estereótipos possíveis.

Ao se internar, por exemplo, ele teve a certeza de que Carla o receberia de braços abertos — afinal, aquela havia sido a melhor noite da vida deles —, no entanto, é o inverso que acontece: ela fica não só irritada, como o expulsa, mandando-o ir embora. E é aqui onde o filme realmente começa.

Tentando sair da clínica, ele descobre que, quando assinou o contrato, não reparou numa cláusula onde dava poder à instituição de mantê-lo lá até que os médicos o dessem alta. Ele até tenta sair, mas logo percebe que terá que “fazer por merecer”.

Saúl

Adri, justamente por ser bem-sucedido, é um daqueles seres humanos “cheios de si”. Não, ele não é arrogante ou mau. Apenas alguém com capacidade para evoluir — e entenda “evoluir” como alguém que se coloca mais à frente dos outros, tentando entendê-los ao invés de julgá-los.

Luis Zahera interpreta Saúl, o personagem a qual, no começo, passa-se por médico para poder ver a própria filha.

Um dos personagens que, logo de cara, ajudam-no a ver o mundo com novos olhos é Saúl, seu colega de quarto.

Saúl é um paciente esquizofrênico e paranoico, sempre a buscar por escutas ou teorias conspiracionistas. Ou, ao menos, era o que Adri achava até quando, num dia de visitas, ele descobre a filha dele.

A filha Saúl vive com a mãe e o padrasto e, para evitar que ela descubra sobre sua condição, em dias de visita, ele veste-se de médico para vê-la. No entanto, por decisão do padrasto, ele logo descobre que a filha não irá mais visitá-lo e Adri, numa tentativa de ajudá-lo, leva-o literalmente à casa da filha, à noite — protagonizando uma das melhores cenas do filme.

Demais personagens

Com o passar dos dias, Adri vai ganhando mais e mais amigos e isso vai fazendo com que ele observasse a clínica não mais como um “depósito de loucos”, mas um lugar onde pessoas procuram por ajuda.

Um por um, ele busca entendê-los e compreendê-los, ampliando sua visão não somente dessas pessoas, mas como de todos os que têm alguma doença mental.

“Enfim, o casal!”

Em meio a tudo isso, Carla passa a observar Adri com mais atenção e, aos poucos, vai aproximando-se dele e, por isso, nela, começa a crescer um sentimento por ele. Não demora muito e os dois começam a namorar.

De início, tudo acontece às mil maravilhas, porém, logo a “verdade nua a crua” vem à tona: Carla tem transtorno bipolar e outras doenças que a tornam instável sem seus remédios. Por estar superfeliz ao lado de Adri, ela abandona seu tratamento, achando que somente ele e sua força de vontade bastariam para curá-la, contudo, ela tem um surto e precisa ser internada às pressas. Isso, mais uma vez, deixa-a super irritada com o amado, fazendo com eles terminem.

“Mas, espera aí: não era para ser uma comédia?”

A “comédia” do filme está nas situações passadas por Adri, seja tentando ajudar a um casal ficar juntos ou mesmo quando descobre como ela “conseguiu fugir pela primeira vez”.

“Mas, e aí, vale ou não a pena?”

Após toda essa leitura, eu respondo com um sonoro “sim”! Vale muito a pena.

Em primeiro lugar, o próprio filme em si acaba tornando-se uma baita critica às comédias românticas, principalmente por conta de seu final (que, fique tranquilo, eu não vou revelar). Depois, faz-nos refletir, também, a respeito da forma como nós vemos e tratamos as pessoas com doenças mentais — em princípio, a diretora responsável pela clínica parece uma personagem genérica também com um discurso genérico sobre o seu trabalho, mas quando Adri, finalmente, consegue seu “habeas corpus”, recebe um baita sermão dela, fazendo-o pensar e toda a situação na qual ele vivenciou.

Conclusão

Loucura de Amor, com sua nota 6/10 no “Internet Movie Data Base” (IMDB) e com 70% no Rotten Tomatoes, é um filme “um pouco mais do que Sessão da Tarde”: ele até tem lá seus clichês, mas como toda boa comédia romântica, deve ser assistida abraçada com a pessoa amada.

E você? Já assistiu ao filme? Concorda ou discorda? Deixa aí seus comentários e, claro, compartilhe o “link” com quem você gosta — isso ajuda muito não só a continuar a falar sobre filmes, séries, livros etc.



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