Meu quarteirão

Ao andar pelas ruas do meu quarteirão, percebi o quanto meu bairro, em apenas vinte e poucos anos, havia mudado.

São exemplos as casas de madeira que ainda sobrevivem entre as modernas edificações de concreto, que se destacam pelo luxo e imponência.

Lembro-me que, quando criança, andar por essas ruas era uma diversão e também uma forma lúdica de  se ouvir histórias, principalmente ao lado da minha tia, que me contava casos e acasos de nossos vizinhos.

Um dos contos mais marcantes se referia a um conhecido que morava onde é hoje a residência de dois idosos; aliás, referia-se aos pais dele.

Certa noite os dois começaram a gritar e a brigar um com o outro, atraindo curiosos - e claro, a polícia - para a frente daquela velha casa de madeira. A violência da briga, apesar de minha memória não deixar claro se alguém ficara ferido ou não, ocasionou uma janela estilhaçada e uma porta no chão. Depois disso esse meu conhecido e sua mãe se mudaram.

Antes de mim, meu primo crescera aqui e, por tanto, havia deixado seu legado; por causa disso, alguns contos que eu ouvia se referiam a ele e de suas diabruras infantis.

Claro, isso me inspirou certas "artes" - como a do dia em que molhei com a mangueira um senhor que morava ao fim da rua, onde hoje há o prédio de uma escola particular.

Por fim, e não menos importante, não posso esquecer da minha própria casa, que recebera apenas pequenas modificações - como a de ter deixado de ser de madeira para ser reconstruída com cimento - e, claro, o pé de goiaba que existia em frente a ela e que, devido a um raio, acabou apodrecendo.

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