O beijo do cupido

Até então, ninguém especial tinha surgido na vida daquele rapaz. Ninguém que o fizesse acreditar, ou mesmo lhe provasse, que era possível alguém fazer loucuras por outro alguém.

Ao observar os casais que eram seus amigos, sempre se perguntava o porquê de "tanto mel com açúcar" assim como por que tantas lágrimas jorravam quando um deles se separava.

Tudo isto até que um ser de aparência angelical, longos cabelos loiros e olhos azuis lhe abordasse na rua:

- Você é um caso curioso. - Diz o ser ao rapaz.

- Por quê? - Pergunta ele, desconfiado.

- De todos, em tantos anos, é o único que esgotou minhas flechas sem se interessar realmente por alguém.

O rapaz fica ainda mais desconfiado e, para poder se livrar daquela pessoa estranha, avisa que estava muito atrasado e que precisava seguir viagem.

- Atrasado para o quê? - Indaga o ser. - Até onde eu sei, hoje você jogará videogame até seus olhos pesarem e você dormir em frente à televisão.

O que era desconfiança transforma-se em inquietude. O rapaz morava sozinho e, além de sua gata, ninguém mais sabia o que se passava em seu pequeno apartamento.

- Quem é você?! - Indaga o rapaz, em tom ameaçador. - Como sabe disso? Está me vigiando?

- De certa forma. - Responde o ser. - Desde que meu primeiro feixe de flechas não surtira efeito em ti, que tenho te acompanhado a, praticamente, todos os lugares. Fiquei a saber, por causa disso, de sua dura rotina de solidão e, a cada dia a mais, você se tornava mais interessante.

O rapaz pensa em correr, mas simplesmente sai andando, despedindo-se antes com um singelo gesto com a mão direita quando, para sua surpresa, o ser reaparece na sua frente.

- Eu realmente não queria fazer isto, mas você é um caso especial. - Diz o ser, aproximando-se do rapaz. - Espero que funcione.

O ser chega ainda mais perto do rapaz e o beija na boca, deixando que seus instintos o guiassem; para o mancebo, um turbilhão de emoções acontece, emoções que o fizeram entender todos os mistérios a respeito de seus amigos casais - o porquê do "açúcar com mel" e da "tormenta de lágrimas".

Quando os dois finalmente se separam, o ser parecia diferente. A face angelical em que antes repousava uma expressão de calma e decisão, agora parecia confusa e atormentada; o coração do rapaz pulsava tão forte que parecia que saltaria, a qualquer momento, por sua garganta. Ambos se entreolham e tornam a se beijar.

Finalmente um tinha achado no outro o que tanto procuravam.

2 comentários:

  1. Que história bonita... Lembra adolescência... Descobertas...

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    1. Ora, viva! Obrigado pelo comentário e mil desculpas pela demora em respondê-lo.

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