Minha vida nunca foi um conto de fadas, nem interessante o suficiente para fazer parte de um livro. Nasci em setembro de 19... Estudei sempre em boas escolas e, desde sempre, tive interesse em literatura.
Meus relacionamentos também nunca foram "grande coisa". Casei-me com vinte anos e, cinco anos depois, vi-me viúvo. Ela era uma jovem mulher de estatura média, de lindos olhos castanhos e pele branca - o sonho de todo romântico. Chama-se Luísa.
Atualmente resido na capital de Mato Grosso do Sul, no centro-oeste brasileiro e, desde a passagem de Luísa para o outro mundo, nunca mais encontrei ninguém "bom o suficiente" para dividir minha vida.
Como faço quase todos os dias, acordo às 05h30min da manhã e tomo meu banho, vou à padaria onde converso um pouco com Seu Pedro, compro pão e leite. Novamente em casa, assisto ao telejornal matinal enquanto esquento a água do café e fervo o leite. Já são 07h30min quando estou finalmente pronto para ir trabalhar.
Dois anos após me casar com Luisa, formo-me em licenciatura e começo a trabalhar numa escola do outro lado da cidade. De carro, não demoro mais que quarenta minutos para chegar; de ônibus, demoro exatamente uma hora. Naquele dia descubro que teria que optar pelo transporte público.
Ao chegar ao ponto, encontro três pessoas: uma senhora de longos cabelos grisalhos e olhos castanhos, um rapaz alto, magro e curtos cabelos arrepiados e uma jovem senhorita de longos cabelos negros, olhos castanhos e corpo esbelto. Vestia-se formalmente e segurava uma pasta entre os braços.
- Hoje ele está muito atrasado! - Exclama o rapaz alto, fazendo todos, inclusive eu, concordarem com a cabeça.
- Meu patrão vai me matar. - Balbucia a jovem senhorita. A senhora de cabelos grisalhos permanecia quieta.
Não lembro-me que horas, mas finalmente chega um ônibus - em que embarca a senhora de cabelos grisalhos e o rapaz alto. Ficamos somente eu e a jovem senhorita.
- Meu Deus! - Exclama a jovem senhorita.
- O que foi? - Indago eu.
- Estou super atrasada! Meu patrão deve estar furioso! - O tom da jovem senhorita era de extrema preocupação. Parecia que ela cairia em lágrimas a qualquer momento.
Uns dois ou três minutos depois meu ônibus chega e, junto comigo, embarca a jovem senhorita. Ele estava lotado, mas ao passar pelo Terminal Morenão, esvazia.
A jovem senhorita senta-se a minha frente, em um banco ao fundo. Ela ainda estava emocionalmente abalada.
- A senhorita está bem? - Resolvo perguntar.
- Ah! Não foi nada... - Responde ela.
- No ponto você disse que seu patrão ficaria muito bravo com você por estar chegando atrasada... Será que, se explicar que a culpa é do ônibus, ele não amenize contigo?
- Não sei... Não é a primeira vez que me atraso. - Responde ela.
- Mas, por você morar longe do seu serviço, será que ele não deveria te entender?
- Acho que sim... Sempre me atraso porque...
Antes de poder responder, o ônibus para abruptamente... Alguns passageiros e eu vamos ao chão. Pela porta da frente entra um rapaz encapuzado e, apontando uma arma para o motorista, ordena que ele abra as portas traseiras, por onde entram mais dois homens, também encapuzados.
O homem que estava junto ao motorista ordena que ele torne a fechar as porta e leve o ônibus até um local afastado. Acho que uma hora depois ele torna a parar.
- Atenção senhores! Se todos colaborarem, ninguém se machuca! - Exclama um dos rapazes que estavam do outro lado da catraca. - Meu amigo vai passar com uma sacolinha e quero que vocês coloquem todos os seus pertences nela.
Do bolso, o outro rapaz encapuzado tira uma sacolinha e começa a passar entre os passageiros. A jovem senhorita começa a chorar.
- Não se preocupe. - Tento confortá-la. - Tudo acabará bem.
- Não sairá! Se eu perder esse relógio... Ah! Meu Deus!
O rapaz encapuzado me encara e eu entrego minha carteira, meu relógio e meu celular. A jovem senhorita faz o mesmo. Seu rosto já estava coberto de lágrimas.
Após terminar de passar pelos passageiros, o rapaz encapuzado da sacolinha a entrega para o outro parceiro, olha para mim, saca uma arma e ordena: "se tu não quiser morrer, faz ela parar de chorar!" Aquilo me deixa estático. "Vamos, manolo! Tá afim de morrer?"
Viro-me para a jovem senhorita, que apesar de também ter ficado estática, ainda tinha lágrimas no rosto, e digo: "acalma-se, tudo dará certo". Alguns minutos se passam e escuto um forte estouro seguido por um grito. Algo quente havia atingido meu peito e começo a sentir uma forte dor. Minha vista fica embaçada e caio no chão. Depois disso não me lembro de mais nada.
*As imagens são meramente ilustrativas e foram retiradas da internet com auxílio do buscador Google
Não lembro-me que horas, mas finalmente chega um ônibus - em que embarca a senhora de cabelos grisalhos e o rapaz alto. Ficamos somente eu e a jovem senhorita.
- Meu Deus! - Exclama a jovem senhorita.
- O que foi? - Indago eu.
- Estou super atrasada! Meu patrão deve estar furioso! - O tom da jovem senhorita era de extrema preocupação. Parecia que ela cairia em lágrimas a qualquer momento.
Uns dois ou três minutos depois meu ônibus chega e, junto comigo, embarca a jovem senhorita. Ele estava lotado, mas ao passar pelo Terminal Morenão, esvazia.
A jovem senhorita senta-se a minha frente, em um banco ao fundo. Ela ainda estava emocionalmente abalada.
- A senhorita está bem? - Resolvo perguntar.
- Ah! Não foi nada... - Responde ela.
- No ponto você disse que seu patrão ficaria muito bravo com você por estar chegando atrasada... Será que, se explicar que a culpa é do ônibus, ele não amenize contigo?
- Não sei... Não é a primeira vez que me atraso. - Responde ela.
- Mas, por você morar longe do seu serviço, será que ele não deveria te entender?
- Acho que sim... Sempre me atraso porque...
Antes de poder responder, o ônibus para abruptamente... Alguns passageiros e eu vamos ao chão. Pela porta da frente entra um rapaz encapuzado e, apontando uma arma para o motorista, ordena que ele abra as portas traseiras, por onde entram mais dois homens, também encapuzados.
O homem que estava junto ao motorista ordena que ele torne a fechar as porta e leve o ônibus até um local afastado. Acho que uma hora depois ele torna a parar.
- Atenção senhores! Se todos colaborarem, ninguém se machuca! - Exclama um dos rapazes que estavam do outro lado da catraca. - Meu amigo vai passar com uma sacolinha e quero que vocês coloquem todos os seus pertences nela.
Do bolso, o outro rapaz encapuzado tira uma sacolinha e começa a passar entre os passageiros. A jovem senhorita começa a chorar.
- Não se preocupe. - Tento confortá-la. - Tudo acabará bem.
- Não sairá! Se eu perder esse relógio... Ah! Meu Deus!
O rapaz encapuzado me encara e eu entrego minha carteira, meu relógio e meu celular. A jovem senhorita faz o mesmo. Seu rosto já estava coberto de lágrimas.
Após terminar de passar pelos passageiros, o rapaz encapuzado da sacolinha a entrega para o outro parceiro, olha para mim, saca uma arma e ordena: "se tu não quiser morrer, faz ela parar de chorar!" Aquilo me deixa estático. "Vamos, manolo! Tá afim de morrer?"
Viro-me para a jovem senhorita, que apesar de também ter ficado estática, ainda tinha lágrimas no rosto, e digo: "acalma-se, tudo dará certo". Alguns minutos se passam e escuto um forte estouro seguido por um grito. Algo quente havia atingido meu peito e começo a sentir uma forte dor. Minha vista fica embaçada e caio no chão. Depois disso não me lembro de mais nada.
*As imagens são meramente ilustrativas e foram retiradas da internet com auxílio do buscador Google
Adorei a estória! Eu usaria uma linguagem um pouco menos rebuscada e "gostosa de ler". Algumas passagens tuas fizeram minha cabecinha torcer o nariz;) A linguagem em si, principalmente as ênclises, me fazem sempre lembrar de um homem muito sério e sem sentimentos, e nunca ficam legais depois do advérbio não :D hi-hi. Contudo, admiro demais a tua criatividade, coisa que me é muito escassa:(
ResponderExcluirVou colocar o teu blog nos meus favoritos para, sempre que lembrar, dar uma visitinha e comentar :)