O Homem Não Nasce Nem Bom Nem Ruim

Jean-Jacques Rousseau

A ideia de sermos frutos do meio não é recente. No século XVIII, por exemplo, o filósofo suíço Jean-Jacques Rousseau já dizia que o homem seria bom em sua essência e à sociedade caberia a responsabilidade de torna-lo mal.

Em partes, essa ideia é um fato, e a prova disso aparece quando paramos para pensar no quanto a nossa cultura influencia em nossas decisões, todavia, ela não é cem porcento responsável por tudo. Novamente, isso aparece quando refletimos sobre um sujeito que se torna um ladrão: “se o local onde ele mora foi o responsável por ele tornar-se um ladrão, então por que as demais pessoas próximas a ele, como seus vizinhos, também não se tornaram contraventores?”

A resposta a essa pergunta, talvez, esteja no fato de que o ser humano, na realidade, não nasceria “nem bom, nem ruim”, mas preparado para realizar escolhas, e essas sim serem as responsáveis por dizer quem alguém é ou deixa de ser. Mesmo sofrendo influência do ambiente onde vive, elas não têm o poder de “modelar” totalmente a pessoa, cabendo a ela escolher entre “deixar-se influenciar” ou “seguir outro caminho”.

O pensamento de que somos fruto de nossas escolhas e não somente de nossa cultura — no sentido estrito de “lugar onde moramos” — não nos deixaria nos tornarmos “criminosos de nós mesmos”, ou seja, não nos daria argumentos para justificar contravenções, como, por exemplo, a própria questão do roubo: “vivemos em um mundo capitalista que, a todo o momento, nos injeta o desejo de ter, ‘obrigando’ os impossibilitados de adquirir o objeto de desejo pelas vias ‘legais’ a buscarem meios ilícitos para satisfazerem a esse desejo, tornando-o, portanto, uma vítima e não o culpado”. Mais uma vez, se todos nós somos bombardeados por esse desejo “insano” de ter, por que, então, todos também não nos tornamos “ladrões”?

Por tanto, o pensamento defendido não somente pelo filósofo Rousseau, mas também por parte de um grupo de pessoas, de que “foi culpa da sociedade”, cai por terra ao pensarmos em “livre arbítrio”, pois mesmo o homem sendo alguém influenciável, cabe a ele a decisão. E isso se encaixa em diversos aspectos do quotidiano, como as diversas vezes onde você poderia, por exemplo, “dar um jeitinho”, mas resolveu “ser honesto uma vez na vida, para variar”.

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