Novela da vida real

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A novela da vida real mais uma vez faze-se presente. Um ciclo que parece interminável.

Pela nona ou décima vez, ao retornar para casa, minha vizinha encontra o cadeado quebrado, a porta arrombada e os armários e gavetas sem nada.

O que fazer senão ir atrás da lei e da ordem? Mas que ordem e que lei? Logo nas primeiras vezes foi feito tudo conforme o manual: anúncio à polícia, boletim de ocorrência e mais um número nas estatísticas. Agora, então, qual é a garantia de que não será tudo igual?

"Ah! Se eu o pego aqui!" mas, seria diferente? Será que não viriam "atrás da vítima? (coitado)"? Aí sim, talvez... mas, quem sabe? Na melhor das hipóteses, ele apenas iria preso e, depois solto e, então, voltaria à casa dessa minha vizinha, arrombaria novamente o cadeado, quebraria a fechadura da porta e faria a limpa nas gavetas de cuecas do marido dela.

Então, o que resta? Sentar e dar graças a Deus por não ter encontrado o bandido, digo, o "suspeito" — sim, pois ele só é bandido a partir do momento em que um juiz assim o julga? Ou melhor, aderindo a onda politicamente correta: ficar agradecido por não ter atrapalhado a pobre vítima da sociedade? Claro! Essa é a melhor opção e, acrescento mais: além de tudo, tudo o que havia na geladeira fora consumido. "Nossa, quão boa é essa minha vizinha! Que sorte ela teve em ter ajudado essa pessoa!"

Não, não vou cair na tentação de a culpar por querer não ficar aqui e, como consequência, deixar a casa vazia. Não! Seria muito fácil inverter os papéis e dizer: "certo foi quem entrou e 'fez a limpa'", afinal, por que ela não ficou a proteger seus bens?" É muito fácil culpar a verdadeira vítima e aclamar o "suspeito".

Mas, mais uma vez, o que fazer? Mudar-se? Para onde? Para algum lugar seguro, mas onde? Pois, se quero me defender, acabo eu virando o bandido e, se nada faço, acabo como "o bobo" — e esperto aquele que entrou e me roubou.

Quantas perguntas sem respostas! Igual ao enredo de muitas novelas de um certo canal de televisão tupiniquim com o porém de que não há previsão para o desfecho, porque isto aqui é vida real e a vida, todos os dias, sempre terá um novo capítulo.

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