O Quinto Padrinho

Ele a olha como se não existisse mais nada no mundo e ela retribui. Os dois beijam-se e selam a união: a partir daquele momento eram uma só carne, uma só vida. À frente, a observar, os padrinhos os aplaudiam; estavam contentes também, tanto quanto eles — principalmente quatro, das cinco pessoas escolhidas como testemunhas daquela união. Os próximos seriam eles.

E assim foi: Cronos correu sobre a Terra e logo outros dois padrinhos agora também selavam uma união: um beijo apaixonado em frente à todos. As testemunhas, como não poderia deixar de ser, contava com o casal — agora uma só alma — o próximo casal a também se unir e o quinto padrinho, que observava e se contentava com a felicidade dos amigos.

Finalmente o último casla sela a união, fechando o ciclo. O quinto padrinho, como sempre, estava muito feliz. Havia participado de tudo e estava marcado na vida daqueles seus amigos como testemunha. Porém, o que os casais não sabiam é que, enquanto eles, todas as noites, ao se virarem em suas camas em busca de aconchego ou de simplesmente atenção e tudo o mais acordado dentro do pacto com Hera, o quinto padrinho tinha apenas ele mesmo.


É fato que, por sempre estar com Filotes, "sozinho" não serviria para classificá-lo, mas até mesmo o bom deus que abençoa as amizades uma hora ia embora e lá ficava o quinto padrinho, em frente ao computador a compor poesias para Afrodite e seu filho Eros, na esperança de que, algum dia, ambos se compadecessem de ele e o mostrassem a sua cara-metade, perdida pela imensidão de Gaia.

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