A Crônica

A noite estava nublada e escura. Havia chovido mais cedo e, por tanto, fazia um friozinho daqueles que casais usam como desculpa para ficarem juntos; de conchinha, para ser mais exato, na cama, assistindo a algum filme ou simplesmente se amando.

Um rapaz, completamente desajeitado no que é chamado de amor e conquista, mas muito versado nas letras e na escrita, compunha uma crônica singela a respeito do que estava a acontecer com ele.

Para ser mais exato, o que o rapaz tinha era o que se costuma chamar de friendzone:  aquela área que rapazes como ele sempre estão dispostos a ficar por conta de amizades que crescem mais do que gostariam que crescessem, porém, não conseguindo avançar mais do que isso.

A tal crônica, conforme já dito, era singela, porém, "especial" — especial no mesmo sentido que os autores ultrarromânticos davam à palavra especial. Descrevia esse tal amor "inalcançável" como uma bela jovem de longos cabelos negros e um sorriso próprio; próprio de quem vê através do véu do já dito "nunca vou ter, mas mesmo assim ainda mantenho as esperanças".

Também falava das desventuras que ele provocava para ver se "ia além", mas que simplesmente o faziam andar e andar em círculos — círculos estes comparados a um imenso corredor de paredes brancas, onde você corre, corre, corre, tentando chegar à luz no fim, mas quando olha para trás, vê que não andou nem um centímetro, permanecendo no mesmo lugar.


"O que fazer? Como fazer?" perguntava-se ele, enquanto dava vida ao simples texto, "será que um dia..." viu-se ele a imaginar-se junto a ela, não mais como um amigo, mas como alguém de quem ela realmente gostasse...

Pobre infeliz, é tudo o que tenho a dizer a respeito de ele... pobre coitado... É sabido que chances há, mas quais chances? Ambos são de mundos diferentes; muito diferentes... Não igual a "mulheres são de Vênus e homens são de Marte, mas sim "mulheres são de Nárnia e homens da Terra Média".

Ele finalmente termina a crônica e a revisa... relê... lê... Ele sabe que machuca, que dói, mas fazer o quê? A vida é assim mesmo. Se vai dar certo, isto ninguém sabe, mas não é maldade dizer que, entre os dois, nada vai acontecer.

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