A Melhor Amiga — 6 OUTRA DECLARAÇÃO


Sinopse: Começou como uma amizade que evoluiu para um sentimento puro, ingênuo até. Nenhuma das partes sabia realmente o que estava acontecendo — era quase uma brincadeira de criança. Porém, o que era ingênuo torna-se malicioso e o que era quase uma brincadeira de criança transforma-se em uma tragédia.

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6
OUTRA DECLARAÇÃO

Finalmente a situação se invertia: agora quem chorava sem cessar era Jeniffer — com o porém de contar com o ombro sempre bem disposto de Carol.


— Como eu pude ser tão idiota? — Pergunta Jeniffer, chorando no ombro da melhor amiga durante um intervalo.

— Calma... vai passar... — Responde Carol, fazendo cafuné nela.

— Mas...

E as lágrimas jorravam sem parar... A adolescente de olhos puxados, apesar de estar feliz com aquilo, sentia-se incomodada — ela, obviamente, não tinha culpa de nada, contudo, ter desejado que o fim daquele curto namoro acontecesse foi igual a desejar a infelicidade de sua grande amiga, o que, para ela, significava traição.

— Calma Jeniffer, vai passar! — Consola a garota, ainda fazendo cafuné na amiga.

— Eu sei, mas... mas dói muito! — Responde Jeniffer, entre soluços.

— Acredite em mim: dói agora, mas a ferida fecha. — Replica Carol, em um tom extremamente sábio.

— Obrigada, amiga!

E o sinal avisando o recomeço das aulas toca, fazendo com que as duas voltassem à sua sala.

Nos dias seguintes Carol e Jeniffer voltaram a ser o que sempre tinham sido: inseparáveis. Para Jeniffer aquele era um novo recomeço — Kauê tinha sido um erro que ela não pretendia repetir —, mas para Carol, suprimir seus sentimentos, principalmente agora mais próxima da amiga, ficava cada dia mais difícil e complicado.

Apesar de não mais ter pesadelos, nem muito menos ficar sem dormir à noite, todas as vezes que a garota de olhos puxados aproximava-se da melhor amiga, uma vontade louca de beijá-la; abraçá-la e só Deus sabe mais o que invadia sua mente e seu corpo. Era muito bom estar junto a Jeniffer, mas seria ainda melhor se ela pudesse realmente “estar” com a adolescente.

Foi então que, logo após Jeniffer se recuperar totalmente do que havia acontecido que Carol toma uma decisão: ia se declarar — afinal, o que mais poderia acontecer?

É um dia de céu sem nuvens e um vento fresquinho. Apesar de ser um dia normal de aula, a escola estava com bem menos alunos que o habitual.

— Amiga, eu tenho que te contar uma coisa. — Diz Carol, sentada junto a Jeniffer em uma das arquibancadas da quadra da escola.

— Diga! — Responde ela, mais uma vez lambuzando-se de massa de tomate.

— Eu... eu... — Carol tentava, mas sua voz não queria sair.

— Eu...?

— ...Gosto de você! — Solta, de uma vez, a garota de olhos puxados, sem causar, no entanto, o impacto que ela esperava que fosse causar.

— Eu também! — Responde Jeniffer, não interpretando corretamente o que sua amiga queria lhe dizer.

— Não...! Digo... eu gosto de você da mesma forma que você gostava do Kauê.

Outra reação acontece. Desta vez uma que ela nunca esperaria que acontecesse. Devido ao impacto do que havia acabado de ouvir, a adolescente deixa cair o restante de seu cachorro-quente em seu colo.

— Como assim? — Indaga Jeniffer, ainda chocada.

— Sei lá! Eu só gosto! — Responde Carol, com um tom de voz ingênuo e tímido.

Não houve mais resposta! Jeniffer simplesmente termina de se limpar e levanta-se, indo embora sem dizer nada ou mesmo dando alguma satisfação.

“Jeniffer!” chama Carol, segurando a amiga pelo ombro. “Não encosta em mim!” exclama a adolescente, rebatendo, com força, a mão da garota de olhos puxados.

O sinal do fim do intervalo toca e, sabendo muito bem o que havia acontecido, Carol retorna, em silêncio — e sozinha — para a sala. Era esta a dura resposta para a pergunta: “o que mais poderia acontecer?”


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