No dia 18 de janeiro, após muita espera, o Ministério da Educação (MEC) divulgou as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e, mesmo com o sistema lento, os estudantes puderam ver seu desempenho — e já ter uma breve ideia se conseguirão ou não entrar nos cursos e universidades desejados a partir do dia 24 de janeiro pelo SISU.
A respeito da redação, uma das notas mais importantes, o número de participantes a tirarem nota zero cresceu enquanto que aqueles a conseguir nota mil caiu.
Em um país com poucos leitores, livros caríssimos e cultura de aversão à leitura, o resultado não surpreende. Mesmo com o crescimento de seis por cento entre 2011 e 2015 dos números de pessoas que leram, ao menos, um livro inteiro, trinta por cento dos brasileiros nunca se quer compraram um livro na vida e, ainda, quarenta e quatro por cento não leem. Isto sem contar os deficit da educação tupiniquim, que ajudam a agravar ainda mais o problema.
Uma das formas, por tanto, para melhorar não somente a nota dos alunos em redação — como em outras disciplinas, no geral — é incentivá-los a ler, mas não só isso. Como já dito, os livros no Brasil são caros e os salários baixos. Mesmo eles não sendo tributados, o papel, a tinta e mesmo o serviço de distribuição são, isto sem contar os gastos indiretos das editoras com o Estado, ajudando a inflar ainda mais os preços. Outro ponto a destacar-se são as várias bibliotecas em escolas públicas abarrotadas de livros empoeirados por ou não ter alguém responsável para organizá-los ou simplesmente porque "os alunos não se interessam".
O ENEM, por tanto, só mostra o resultado de anos e anos de descauso não somente com a educação, mas também com a falta de incentivo que existe sobre a leitura. Ler, além de um gesto de prazer, é um ato de resistência; um jeito de não só fomentar o senso crítico como a cidadania. E quem lê, escreve.
Na prática, zerar uma redação é o mesmo que demonstrar o quão pouco o brasileiro sabe do mundo, do próprio idioma e, principalmente, do próprio país. O resultado disto aparece no dia a dia: políticos esbanjando dinheiro público com gastos astronômicos enquanto as filas — e mortes — nos hospitais crescem cada vez mais.
FONTES
http://g1.globo.com/educacao/noticia/cai-numero-de-alunos-com-nota-mil-na-redacao-do-enem-e-sobe-total-de-zero.ghtml)
http://www.prima.com.br/institucional/imprensa/noticias/528/numero+de+leitores+no+brasil+sobe+6+entre+2011+e+2015+diz+pesquisa
http://cultura.estadao.com.br/blogs/babel/44-da-populacao-brasileira-nao-le-e-30-nunca-comprou-um-livro-aponta-pesquisa-retratos-da-leitura/
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