BRANCA DE NEVE E OS SETE LADRÕES — CAPÍTULO DUPLO!

De pele branca como a neve e lábios vermelhos como a noite, seu nome era Branca de Neve. Mas não se engane: conhecida por todos, e odiada por sua madrasta, ela e sua grande (e quem sabe algo a mais) amiga Jana vão passar por tribulações e provar que ambas têm força para lutar e para vencer!

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XI
A CAÇADA DOS CINCO DIEB


Söldner ia o mais rápido que suas pernas permitiam. A imagem da montanha de ouro, prata e bronze que Annett prometera pelo coração de sua enteada motivava-o de tal maneira que o cansaço parecia não o atingir. Atrás dele, sorrateiramente, estavam Marko, Mathias, Leon, Jan e David

O chalé dos irmãos Dieb não ficava muito ao fundo da floresta depois do bosque aos arredores do palácio, escondida somente pelas árvores e pela vegetação da própria mata, o que era uma vantagem para a segurança da jovem princesa e também da dama de companhia. É conveniente dizer que, para poderem ir e vir com tranquilidade, os sete ladrões, há muito tempo, haviam cortado um caminho com diversas voltas — quase como um labirinto. Este fato seria uma desvantagem se o mercenário soubesse que seu alvo encontrava-se mais perto que ele imaginava.

— Então, ó sábio líder, o que pensas em fazer? — Pergunta Marko, novamente de forma sarcástica, a David, que resolvera não se enfurecer com a provocação do irmão.

— Esperar... às vezes temos sorte e ele vai para bem longe.

— E se ele não for para bem longe? — Desta vez quem pergunta é Leon.

— Dai vamos saber se o arco que o Jan comprou é realmente bom.

Era estranho, e muito incômodo, ver Söldner procurar por Branca de Neve. Estranho porque ele parecia-se mais com uma besta farejando uma presa e incômodo por ele justamente parecer-se com uma besta — assim como o cansaço já começava a dar o ar da graça nos irmão Dieb, enquanto que o mercenário ainda parecia imune a ele.

— Esperar é inútil! — Exclama Marko, impaciente. — É a primeira vez que vejo alguém caçar assim e não parar nem ao menos para respirar!

— Paciência, irmão! Nós já passamos muito mais tempo esperando por alguém. — Responde David.

A noite aproximava-se novamente — noite de Lua cheia. Pouco a pouco a floresta foi tomada pela penumbra e por pontos de luz que entravam pelas falhas que existiam nas copas das árvores. Finalmente o mercenário foi vencido pelo cansaço, resolvendo deitar-se em uma parte escura, próximo ao tronco de uma grande e velha árvore.

“É a nossa chance!” torna a exclamar Marko, sendo apoiado por Mathias e Leon. “Se formos fazer alguma coisa, é agora ou nunca!”

Atacar de surpresa não era novidade para os irmãos Dieb: como já dito, eles embrenhavam-se na mata a procura de algum nobre ou mesmo burguês carregado de riquezas que pudessem saquear. A única diferença, ali, era que eles não iriam roubar e depois fugir, deixando a vítima livre, mas sim atacariam para matá-la.

Depois de alguns poucos minutos planejando como agiriam, Mathias fora o escolhido para dar o primeiro e, caso desse sorte, último golpe. Assim sendo, o mais novo da família dos ladrões aproxima-se de Sölder, que parece estar em um sono profundo e, sem pensar duas vezes, crava sua faca de caça em seu peito. Ao ser atingido pela dor do golpe, o mercenário desperta, acertando o jovem Dieb com um soco, fazendo-o cambalear.

Sem pensar duas vezes, Jan, que dava cobertura ao irmão com o mesmo arco que havia comprado na loja de armas, mais cedo, dispara uma de suas flechas que atinge Sölder na cabeça, fazendo com que ele caísse morto.

— Foi mais rápido do que eu achei que seria. — Comenta Marko, aproximando-se do corpo do mercenário, verificando se o mesmo possuía alguma coisa de valor.

— Vamos rápido para casa! Logo mandarão outros e temos que estar preparados! — Exclama David.

XII
O SONHO DA RAINHA


Annett continuava inquieta. “Que demora!” resmungava para si. O caso era que, apesar do espírito da Lua cheia não ter imposto nenhum prazo para que ela levasse o tão almejado coração de Branca de Neve, a rainha bem sabia que, cedo ou tarde, as consequências começariam a aparecer.

Foi então que, durante um sonho, ela viu-se no alto de uma torre, cercada por uma densa mata. O cômodo, apesar de luxuoso, era pequeno e tinha apenas uma janela. Nela, também, havia um imenso espelho oval com uma reluzente moldura de prata.

— Llope's euq nan temen, me gadi os a dedaver: meuq tre'n dasto e a ysma labe? — Recita ela para o objeto, olhando seu reflexo nos olhos e vendo, também, que se vestia com um vestido negro com mangas. — Por favor! Quem é realmente mais bonita: eu ou minha enteada?

— Com toda a certeza Branca de Neve é a mais bela! — Respondeu seu reflexo, com um sorrisinho sinistro. — Foi-lhe pedido o coração dela e, até agora, o pedido não se realisou. Você pediu para ser a mais bela, mas da mesma forma que ainda não me trouxe aquilo que eu te pedi, também não terá a beleza que tanto deseja.

A imagem que a rainha via refletida foi, aos poucos, transformando-se em uma velha cheia de rugas. Suas costas ganharam uma cacunda e a boca murchou por causa da falta de dentes. Annett desperta eufórica e completamente molhada de suor. Havia sido um pesadelo.

Na manhã seguinte ela prepara em seu quarto um pequeno altar com uma vasilha de prata e uma adaga por cima de uma toalha branca.

E aid, Eu yes, y tas_es me wes doriope teguanmin, sam se wem te_aman isma topheyper, rop so_is sosipre ed it! Ñave oa wem liosiaw y, moco vapro od wem mor_a, ñate mu copow od wem guesan. — Declama Annett, cortando sua mão esquerda com a adaga e deixando o sangue pingar na vasilha de prata.

Até então o céu estava limpo e o sol brilhava, porém, ao terminar, uma forte ventania acompanhada por nuvens negras tomam o dia, dando a impressão de que uma estranha tempestade aproximava-se.

Uma chama amarela fluí do sangue da rainha e espalha-se por todo o recipiente de prata, tornando-se azul e, em seguida, transformando-se no mesmo jovem de pele branca, olhos azuis e sedosos cabelos loiros.

Mob aid, ñami ña_ira. — Cumprimenta o espírito, com uma genuflexão. — Qual é a ocasião para despejares teu tão precioso sangue?

— Estou desesperada! Tu pediste-me o coração de minha enteada em troca de minha beleza, mas até agora falhei contigo. Invoquei-te justamente atrás de algum conselho.

— Namahu caphra! — exclama o espírito, esbofeteando-a. — Humana fraca! Língua nenhuma pode transmitir o meu desejo de ver-te como uma velha feia sob as risadas de teus súditos enquanto Branca de Neve toma o seu lugar como rainha! Porém, pelo sinal do sacrifício, ajudar-te-ei, mas terás que fazer da exata forma como eu ordenar.

Annett, ainda com a mão na bochecha que latejava devido ao golpe que havia acabado de tomar, aceita com a cabeça. O espírito, então, recomeça: — Pegue uma cesta e ponha nelas as mais belas rosas vermelhas que tiverdes. Depois, à noite, deixe-as sob a minha luz e volte ao castelo. No dia seguinte, nesta mesma hora, vá até a cesta vestida como uma velha e segue o caminho que teu coração indicar.

Ao terminar, o espírito é tomado, novamente, por uma chama de cor azul, desaparecendo do quarto. O coração da rainha parecia que iria pular da sua boca tamanha era sua pulsação.

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