BRANCA DE NEVE E OS SETE LADRÕES — I E SEU NOME ERA BRANCA DE NEVE

De pele branca como a neve e lábios vermelhos como o sangue, seu nome era Branca de Neve. Mas não se engane: conhecida por todos, e odiada por sua madrasta, ela e sua grande (e quem sabe algo a mais) amiga Jana vão passar por tribulações e provar que ambas têm força para lutar e para vencer!

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I
E SEU NOME ERA BRANCA DE NEVE

Muito antes de Cabral desembarcar no novo mundo; quando ainda nem se pensava em Brasil, existia uma menininha branca como a neve e com lábios rubros como sangue. Seu nome: Branca de Neve.

Essa garotinha morava em Bolisa, capital de um reino que hoje não existe mais, mas que em sua melhor época era tão grande e importante quanto foi o Império Romano ou mesmo o Império Britânico.

Seu pai, o soberano deste reino, era um homem austero e justo; sua rainha era uma linda mulher de longos cabelos negros, olhos verdes e de uma delicadeza e simpatia que encantava a todos.

Branca de Neve nasceu do grande desejo desse rei e rainha de serem pais: a mãe dela, certa vez, durante sua sessão de leitura diária, cortara-se com o papel, deixando cair alguns pingos de sangue na neve branca que havia em sua janela. Achando o rubro com o branco magnífico, ela desejou, mais que tudo, ser mãe de uma linda menininha branca como a neve e de lábios vermelhos como o sangue. Não muito tempo depois aquele desejo realizou-se.

Aos treze anos de idade Branca de Neve já era uma das mais belas de todo o reino — beleza que, mesmo ainda tão nova, atraía ao palácio reis e diplomatas interessados em arranjar casamento para seus filhos e senhores. O pai dela, no entanto, sempre respondia aos interessados que não a forçaria casar-se com ninguém e que, na idade certa, ela mesma faria sua escolha. Aos quinze anos uma tragédia recai sobre ela e sobre seu pai: sua mãe falece, vítima de uma grave doença.

Que dia triste aquele. Não existia um só plebeu ou nobre que não chorasse a partida eterna da rainha — carinhosamente apelidada de “dos pobres”. O rei decretara luto por três dias; três dias sombrios e negros.

Após esse turbulento e triste fato o soberano, preocupado com a criação e também com a reputação da filha, resolve casar-se novamente. A escolhida: uma mulher alta e magra, de exuberantes cabelos loiros e olhos azuis — que mesmo já chegando à casa dos cinquenta anos, não aparentava ser muito mais velha que agora sua enteada. Seu nome: Annett.

Annett, ao contrário da antiga rainha, era fria e, por vezes, sombria. Mesmo com um sorriso angelical — que só ficava à amostra em ocasiões muito especiais —, os servos que a conheciam de perto não gostavam nem um pouco de ela — não que a agora esposa do rei fosse uma completa megera, mas, mesmo ela tentando ser simpática, sua soberba era nítida. Outro fato que contribuía para que a agora madrasta de Branca de Neve fosse temida era o fato de ela ser simpatizante das artes ocultas, sendo, muitas vezes, vista no bosque aos arredores do palácio, durante a lua cheia, realizando rituais de magia.

Com Branca de Neve matinha um relacionamento neutro, não se metendo nos assuntos da agora jovem princesa, assim como deixando bem claro para que ela não se metesse nos dela. Já com o rei Annett era mais afável e carinhosa, quase uma cópia perfeita de como tinha sido a rainha “dos pobres” — ambos conheceram-se durante o “Baile Anual”, evento que, todos os anos, a corte realizava para os súditos visitarem o palácio e também poderem se divertir livremente com a família real e com o restante da corte.

Assim o rei, a nova rainha e Branca de Neve viveram até a jovem princesa completar vinte e um anos de idade, quando, mais uma vez, a desgraça resolve assolar sua família: seu pai falece, deixando-a sozinha no mundo com sua madrasta.

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