Adeus, Chaves!

Hoje todos nós fomos bombardeados por uma notícia nem um pouco agradável: aos 85 anos um dos maiores humoristas do mundo nos deixa: Roberto Gómez Borlaños, o eterno Chaves!

Esta é a humilde homenagem do Escrito ao Vento ao interprete deste personagem que marcou a tantos brasileiros!


ADEUS, CHAVES

Um menino, que mais parece um homem, entra no pátio de um cortiço qualquer. Suas roupas eram surradas e rasgadas assim como seus tênis de cadarços amarelos. Carregava em um dos ombros uma vara com uma trouxinha.

Em seguida outro menino, que também mais se parecia com um homem, porém, com grandes bochechas e ventindo-se com uma roupinha de marinheiro e um bonezinho colorido, sai por uma das portas que existem no pátio.

— Você vai mesmo embora? — pergunta o menino vestido com roupinha de marinheiro.

— Vou. Já chegou minha hora e eu tenho que ir embora.

— Mas... Ah! Vai! Diz que fica mais ou pouquinho... diz que sim...

— Não dá!

Nesta hora, vinda toda sorridente do outro pátio, chega uma menina sardenta e de maria-chiquinha. Lambia um enorme pirulito colorido.

— Chavinho, você vai mesmo embora? — Pergunta ela, ao notar o menino com as roupas surradas.

— Vou.

Tanto a menina quanto o menino bochechudo começam a chorar.

Correndo rapidamente ao socorro do filho surge uma mulher com bobes na cabeça e vestindo um vestidinho rosa com um avental branco, por cima.

— O que foi, meu filho? — pergunta a mulher.

— O Chaves vai embora, mamãe.

— Eu sei... eu sei tesouro... — consola a mãe.

Pouco a pouco o pátio é tomado por diversas outras pessoas: um homem alto, que mais parecia uma girafa e fumando um charuto; um senhor mais baixo, porém, bem mais gordo e de grossos óculos pretos carregando uma pasta acompanhado por seu filho, não menos gordo e vestindo um macacão vermelho por cima de uma camiseta amarela; um senhor de bigodes brancos carregando uma pasta marrom nos ombros e empurrando uma bicicleta; uma menina muito parecida com a mãe do menino bochechudo e uma senhora de cabelos brancos, avó da menina sardenta.

— É Chavinho... Foram muitos anos felizes... — diz o homem alto. — Mas nós entendemos...

O menino de roupas surradas observava uma por uma das pessoas que estavam no pátio. Ele não queria ir embora, mas infelizmente o tempo também havia chegado para ele.

Pela mesma porta por onde ele havia entrado surgem duas pessoas: uma senhora com um estranho chapéu azul e um senhor de camiseta preta e jeans velhos. Ambos tinham um sorriso celestial nos olhos.

— Vamos, Chavinho! Estávamos te esperando. — diz a mulher.

E assim, sob o olhar de todos, ele se vai. Ninguém mais chorava, apenas observavam, apesar da grande tristeza que sentiam. Ninguém queria que aquele menino fosse embora embaixo de uma chuva de lágrimas, mas durante uma gostosa salva de gargalhadas.

Um comentário:

  1. Adorei o seu blog e já estou a seguir :)

    beijos,
    Daniela RC
    http://ddocesonhadora.blogspot.pt/

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