CAPÍTULO ANTERIOR
III
Rumpelstiltskin, Carol, Saphira e Thomas estão em uma sala de tamanho médio sentados em uma mesa oval de vidro. O clima, como o esperado, estava tenso.
— Pois então, Dra Saphira: em cumprimento ao parágrafo 1, artigo 8 da Cláusula Especial de Acordos, eu vos apresento minha cliente, a rainha Carol Ritzema. — Discursa Thomas.
— Pois então... Meu cliente alega ter sido ludibriado por Carol em relação ao descumprimento de um acordo verbal firmado entre os dois. — Responde a bacharela. Rumpelstilskin, nitidamente, segurava-se para permanecer em silêncio.
— Eu poderia estar a par da versão de vosso cliente?
— Ele afirma ter sido embebedado pela vossa cliente para que revelasse seu verdadeiro nome, cumprindo dessa forma o novo acordo proposto por ele em troca do anterior.
— E quais são as provas que seu cliente apresenta que confirmem tal acusação?
— Ela sabe muito bem que eu era um dos poucos que sabiam a forma como ela ascendeu ao trono. — Solta Rumpelstiltskin, já não conseguindo mais ficar calado.
— Isso não é verdade! — Responde Carol, ignorando o pedido de seu advogado para que ela ficasse quieta.
— Ou será que você, Carol Ritzema, ou devo dizer, Carolina Finkel, achou que vossa majestade, o rei Ouassim, não fosse viver tempo o suficiente para que você o desse um filho? — Responde o duende, com um claro tom de ironia e soberba.
— Por favor, Dra Saphira, peça ao seu cliente que fique quieto. — Pede Thomas.
— Pois a prova de que tudo o que meu cliente diz ser verdade está ai, estampada na cara de vossa cliente. — Responde Saphira.
— Pois então... Qual é o motivo para que vocês tenham nos intimado a esta reunião? — Torna a falar o bacharel.
— Gostaríamos de propor um novo acordo.
— E qual seria?
— Meu cliente exige metade do reino de vossa majestade.
— Eu o ofereci uma vez, mas você o recusou! — Exclama Carol, olhando firme para Rumpelstiltskin.
— Na época eu tinha a certeza de que você cumpriria com nosso acordo, mas ao fim...
— Chega! Por favor, vamos manter o nível... — Pede Thomas, olhando para Saphira a esperar por apoio.
— Certo — diz a advogada — o que vocês nos respondem?
— O que o fez mudar de ideia, Rumpelstiltskin? — Indaga Carol. — O que, agora, o faz pensar que eu lhe darei, assim, de mão beijada, o reino que tanto lutei para conseguir?
— Lutou tanto para conseguir? Poupe-me! Ainda posso me lembrar de seus lamentos, naquela torre, a pedir aos deuses que lhe dessem uma segunda chance. — Responde o duende.
— Ah! Eu estava desesperada! Por ironia, eu aceitaria dar até mesmo minha própria vida em troca de sair daquela torre.
— E então...?! — Interrompe Saphira antes que qualquer um dos dois tornasse a se exaltar.
— E então, minha cara doutora, eu farei o que deveria ter feito faz tempo: desmascarar essa “rainhazinha”. — Responde Rumpelstilskin, desaparecendo em uma miniexplosão de faíscas.
— Ele... Não! Thomas, faça alguma coisa! — Exclama Carol a seu advogado, claramente desesperada.
— Dra Saphira! Entre em contato imediatamente com seu cliente e faça-o voltar! Ele está a descumprir uma intimação emitida por ele próprio.
— Então pergunte a sua cliente como eu posso contatar um duende. — Responde Saphira, com um claro tom de frustração em sua voz.
«««
Várias semanas haviam se passado desde o encontro de Carol com o duende Rumpelstiltskin. Uma ordem de prisão contra ele, por traição, havia sido emitida em todo o reino e uma recompensa estava a ser oferecida a qualquer um que o trouxesse às autoridades — o que deixou tanto o rei Ouassim quanto mais da metade do reino desconfiados, afinal, aquela atitude da rainha contradizia muitos dos princípios que ela vinha pregando desde que assumira o posto de rainha.
— Meu bem, isto é loucura! Eu ainda não consigo entender o que este duendezinho tem de tão perigoso. — Diz o rei, já pronto para ir dormir.
— Ele é um traidor, querido! Diz que tem coisas terríveis contra mim. — Responde Carol. — Ameaçou nos tirar nosso filho.
— Mas... Querida... — Tenta argumentar o rei, sendo calado por um beijo de Carol.
Foi então que no segundo aniversário do príncipe, quando ela já não mais se preocupava com o duende, que algo acontece: na aldeia próxima ao palácio um amontoado de pessoas cantava:
Rumpelstiltskin!
Rumpelstiltskin!
Vocês o querem, então venham pegá-lo!
Mas, antes escutem o que ele tem a dizer
E mesmo a rainha, contra fatos, nada poderá fazer!
Escutem!
Escutem!
É um monstro que hoje dorme ao lado de vosso rei
É um monstro que hoje dita vossas leis!
E não pensem porque ela tece palha em ouro
E sim porque, por ouro,
Ela oferecera seu príncipe.
Se duvidam, então peçam a ela o dito milagre
Se ela puder, é claro!
Peçam a ela que teça, novamente, palha
Em ouro
E verão, então, que nada ela vale.
Foi um deus nos acuda: guardas de todas as direções marcharam em direção ao coro que, protegidos por uma espécie de parede invisível, continuavam a cantarolar aqueles versos reveladores.
— E então, rainha? Será que você conseguiria tecer esta palha em ouro, na frente de todos? — Indaga Rumpelstiltskin, surgindo em meio a um estalar de faíscas e jogando um pouco de palha no chão.
— Você...! — Grunhi Carol.
— Vamos, rainha! Todos aqui querem ver o seu pequeno milagre; o milagre que fez com que o grande rei Ouassim se casasse com uma simples plebeia.
Carol olha para a palha e se lembra da noite que passara na torre e de seu desespero em perder a cabeça por conta da mentira. Seu pai já estava bem longe — conforme as leis do reino, ela só poderia ficar trancafiada na torre em troca da metade do dote de casamento, o que já dava uma boa quantidade em ouro. Agora a mesma cena se repetia, porém, com uma plateia que almejava ver e entender como ela conseguia tecer palha em ouro.
— Eu...
— Ah! Uma roca. Sim, sim! — Torna a falar o duende, estalando os dedos e fazendo surgir uma roca comum, em frente à rainha. — Ai está! Agora vamos!
Estava feito! Obviamente Carol não conseguira tecer a palha no chão em ouro. Mesmo assim os guardas correram para cima de Rumpelstiltskin, que desaparecera da mesma forma como surgira.
Rumpelstiltskin, Carol, Saphira e Thomas estão em uma sala de tamanho médio sentados em uma mesa oval de vidro. O clima, como o esperado, estava tenso.
— Pois então, Dra Saphira: em cumprimento ao parágrafo 1, artigo 8 da Cláusula Especial de Acordos, eu vos apresento minha cliente, a rainha Carol Ritzema. — Discursa Thomas.
— Pois então... Meu cliente alega ter sido ludibriado por Carol em relação ao descumprimento de um acordo verbal firmado entre os dois. — Responde a bacharela. Rumpelstilskin, nitidamente, segurava-se para permanecer em silêncio.
— Eu poderia estar a par da versão de vosso cliente?
— Ele afirma ter sido embebedado pela vossa cliente para que revelasse seu verdadeiro nome, cumprindo dessa forma o novo acordo proposto por ele em troca do anterior.
— E quais são as provas que seu cliente apresenta que confirmem tal acusação?
— Ela sabe muito bem que eu era um dos poucos que sabiam a forma como ela ascendeu ao trono. — Solta Rumpelstiltskin, já não conseguindo mais ficar calado.
— Isso não é verdade! — Responde Carol, ignorando o pedido de seu advogado para que ela ficasse quieta.
— Ou será que você, Carol Ritzema, ou devo dizer, Carolina Finkel, achou que vossa majestade, o rei Ouassim, não fosse viver tempo o suficiente para que você o desse um filho? — Responde o duende, com um claro tom de ironia e soberba.
— Por favor, Dra Saphira, peça ao seu cliente que fique quieto. — Pede Thomas.
— Pois a prova de que tudo o que meu cliente diz ser verdade está ai, estampada na cara de vossa cliente. — Responde Saphira.
— Pois então... Qual é o motivo para que vocês tenham nos intimado a esta reunião? — Torna a falar o bacharel.
— Gostaríamos de propor um novo acordo.
— E qual seria?
— Meu cliente exige metade do reino de vossa majestade.
— Eu o ofereci uma vez, mas você o recusou! — Exclama Carol, olhando firme para Rumpelstiltskin.
— Na época eu tinha a certeza de que você cumpriria com nosso acordo, mas ao fim...
— Chega! Por favor, vamos manter o nível... — Pede Thomas, olhando para Saphira a esperar por apoio.
— Certo — diz a advogada — o que vocês nos respondem?
— O que o fez mudar de ideia, Rumpelstiltskin? — Indaga Carol. — O que, agora, o faz pensar que eu lhe darei, assim, de mão beijada, o reino que tanto lutei para conseguir?
— Lutou tanto para conseguir? Poupe-me! Ainda posso me lembrar de seus lamentos, naquela torre, a pedir aos deuses que lhe dessem uma segunda chance. — Responde o duende.
— Ah! Eu estava desesperada! Por ironia, eu aceitaria dar até mesmo minha própria vida em troca de sair daquela torre.
— E então...?! — Interrompe Saphira antes que qualquer um dos dois tornasse a se exaltar.
— E então, minha cara doutora, eu farei o que deveria ter feito faz tempo: desmascarar essa “rainhazinha”. — Responde Rumpelstilskin, desaparecendo em uma miniexplosão de faíscas.
— Ele... Não! Thomas, faça alguma coisa! — Exclama Carol a seu advogado, claramente desesperada.
— Dra Saphira! Entre em contato imediatamente com seu cliente e faça-o voltar! Ele está a descumprir uma intimação emitida por ele próprio.
— Então pergunte a sua cliente como eu posso contatar um duende. — Responde Saphira, com um claro tom de frustração em sua voz.
Várias semanas haviam se passado desde o encontro de Carol com o duende Rumpelstiltskin. Uma ordem de prisão contra ele, por traição, havia sido emitida em todo o reino e uma recompensa estava a ser oferecida a qualquer um que o trouxesse às autoridades — o que deixou tanto o rei Ouassim quanto mais da metade do reino desconfiados, afinal, aquela atitude da rainha contradizia muitos dos princípios que ela vinha pregando desde que assumira o posto de rainha.
— Meu bem, isto é loucura! Eu ainda não consigo entender o que este duendezinho tem de tão perigoso. — Diz o rei, já pronto para ir dormir.
— Ele é um traidor, querido! Diz que tem coisas terríveis contra mim. — Responde Carol. — Ameaçou nos tirar nosso filho.
— Mas... Querida... — Tenta argumentar o rei, sendo calado por um beijo de Carol.
Foi então que no segundo aniversário do príncipe, quando ela já não mais se preocupava com o duende, que algo acontece: na aldeia próxima ao palácio um amontoado de pessoas cantava:
Rumpelstiltskin!
Vocês o querem, então venham pegá-lo!
Mas, antes escutem o que ele tem a dizer
E mesmo a rainha, contra fatos, nada poderá fazer!
Escutem!
Escutem!
É um monstro que hoje dorme ao lado de vosso rei
É um monstro que hoje dita vossas leis!
E não pensem porque ela tece palha em ouro
E sim porque, por ouro,
Ela oferecera seu príncipe.
Se duvidam, então peçam a ela o dito milagre
Se ela puder, é claro!
Peçam a ela que teça, novamente, palha
Em ouro
E verão, então, que nada ela vale.
Foi um deus nos acuda: guardas de todas as direções marcharam em direção ao coro que, protegidos por uma espécie de parede invisível, continuavam a cantarolar aqueles versos reveladores.
— E então, rainha? Será que você conseguiria tecer esta palha em ouro, na frente de todos? — Indaga Rumpelstiltskin, surgindo em meio a um estalar de faíscas e jogando um pouco de palha no chão.
— Você...! — Grunhi Carol.
— Vamos, rainha! Todos aqui querem ver o seu pequeno milagre; o milagre que fez com que o grande rei Ouassim se casasse com uma simples plebeia.
Carol olha para a palha e se lembra da noite que passara na torre e de seu desespero em perder a cabeça por conta da mentira. Seu pai já estava bem longe — conforme as leis do reino, ela só poderia ficar trancafiada na torre em troca da metade do dote de casamento, o que já dava uma boa quantidade em ouro. Agora a mesma cena se repetia, porém, com uma plateia que almejava ver e entender como ela conseguia tecer palha em ouro.
— Eu...
— Ah! Uma roca. Sim, sim! — Torna a falar o duende, estalando os dedos e fazendo surgir uma roca comum, em frente à rainha. — Ai está! Agora vamos!
Estava feito! Obviamente Carol não conseguira tecer a palha no chão em ouro. Mesmo assim os guardas correram para cima de Rumpelstiltskin, que desaparecera da mesma forma como surgira.
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