Conflito


A Noite, uma mulher de olhos e cabelos negros; lábios vermelhos e expressões sérias vestida de negro e a Lua, uma rapariga albina de olhos verdes, lábios cinzas e com uma camisola branca caminhavam pela imensidão azul da Terra quando se depararam com um estranho sujeito.

Ele era um rapagão de mais ou menos vinte anos de idade; vestia-se com uma camiseta social, óculos, calças jeans e tênis preto. Tinha olhos esverdeados e expressões melancólicas.

O que despertara a atenção de Lua e Noite não fora seu exterior e sim seu interior: um emaranhado de sentimentos tristes e confusos armados até os dentes com lágrimas e dor.

Apesar de já terem encontrado outros naquela mesma forma, a confusão dentro do rapaz era completamente diferente de tudo o que elas já tinham visto: os sentimentos tristes eram humanoides montados na dor, quadrúpedes translúcidos parecidos com cavalos puro-sangue.

Um deles, um ser vestido de armadura negra com elmo a cobrir seu rosto e com um pingente preso ao pescoço, destacava-se. Comportava-se como um general a comandar um exército pronto para atacar.

Em meio a toda essa confusão, sentada em um trono de ouro maciço em cima do que pode se chamar de altar e vestida como uma rainha estava uma rapariga quase da mesma idade do rapaz; tinha longos cabelos encaracolados e olhos cor-de-jabuticaba. À sua frente um pequeno esquadrão de arcanjos munidos de espadas de fogo a protegiam.

Desistam, gritou o ser que se comportava como um general, esta luta já está perdida para vocês! Os arcanjos permaneceram calados, apenas a observar o exército que os rodeava.

Inicia-se uma batalha sangrenta. Os sentimentos tristes atacavam sem medo os arcanjos, que simplesmente os dilaceravam com suas espadas de fogo.

Vez ou outra um dos lados ficava com a vantagem, contudo, ao final, apenas o ser que se comportava como general e um, aliás, uma arcanja, ficaram de pé - a observar os "frutos" daquela guerra.

- Roma! - Chamou o general a olhar a arcanja.

- Sanluside! - Respondeu ela.

- É por sua causa que tudo isto está acontecendo!

- Minha causa? Olhe para você e seu exército. A causa é sua e não minha!

Outro combate se inicia, contudo, desta vez se trata de um combate frio, apenas no olhar - como se estivessem brincando de "Quem Pisca Por Último".

Enquanto isso, no exterior, Lua e Noite perceberam que as expressões do rapaz haviam mudado: se antes elas eram melancólicas, agora eram de tristeza e desesperança.

- O que será que causou isto no rapaz? - Pergunta-se a Lua, em voz alta.

- Eu não sei. - Responde a Noite. - Quando você está cheia, no céu, é quando posso notar mais expressões assim. Quando sou apenas eu, parece que elas se escondem na escuridão de meu vestido.

Novamente a observar o interior daquele sujeito, elas viram a arcanja nua amarrada a uma pilastra com sua espada jogada ao chão. Seu rosto e seu corpo estavam todo marcado por hematomas e cortes.

Sanluside estava sem o elmo, revelando sua identidade: era o próprio rapaz, contudo, sem os óculos e com expressões severas.

A mulher sentada no trono de ouro maciço estava desesperada; Noite e Lua puderam sentir o porquê: do ser que se comportava como um general exalava uma aura pervertida e diabólica.

- Finalmente você é minha! - Diz Sanluside.

- Não! Por favor...! - Pede desesperadamente a mulher.

- Intrigante! - Comenta a Noite, já a não olhar mais para o interior daquele sujeito.

- De fato. - Responde a Lua, também na mesma situação que sua colega.

O rapaz estava agora a derramar rios de lágrimas, como se tivesse com um punhal preso em seu peito.

- Realmente intrigante. - Torna a comentar a Noite.

As duas, então, sentam-se ao lado do rapaz, consolando-o e o inspirando enquanto ele encharcava o teclado de seu desktop de lágrimas, a compor uma poesia em prosa.

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